IN MANUS TUAS, DOMINE!
Em tuas mãos, Senhor, coloco o meu passado, o meu presente e o meu futuro. Tudo o que sou e o que tenho. Os que amo e me são caros. Os que me são confiados. Para que em tudo se faça a Tua Vontade e, possamos ser instrumentos dóceis em Tuas Mãos, para realizar a tua obra de amor no mundo e no coração de todos os homens!

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Quando Cristo aparecer, então também vós aparecereis com Ele na glória
Do Comentário sobre o Evangelho de João, de S. Cirilo de Jerusalém, bispo
                Depois da sua ressurreição dos mortos, Jesus, tendo já levado nossa natureza à sua condição primeira e libertado o homem da corrupção, sobe como uma primicia a Deus Pai, que está nos céus, ele que é o seu templo primeiro. Mas depois de um breve tempo descerá novamente e voltará ainda entre nós na glória do seu Pai com os santos anjos, para convocar todos, bons e maus, ao tremendo tribunal.
 Toda criatura, da fato, deverá comparecer em juizo e o Senhor dará a cada um segudo o mérito da vida; aos que está à sua esquera, isto é aos que gozaram mal das coisas do mundo, dirá: “Ide, longe de mim, malditos, no fogo eterno preparado para o diabo e para os seus anjos” (Mt 25,41); aos que ao invés estarão à sua direita, isto é aos santos e aos bons, dirá: “Vinde, benditos do meu Pai, recebei em herança o reino preparado para vós desde a fundação do mundo” (Mt 25,34). Estes habitarão e reinarão com Cristo, gozando com imensa alegria dos bens celestes; tornados conformes a ele na ressurreição e livres dos laços da antiga corrupção, viverão eternamente de uma vida inefável e duradoura junto do Senhor sempre vivo.
                O fato de que quem tiver conduzido uma vida boa e virtuosa viverá incessantemente com Cristo, contemplando a sua inefável divina beleza, é afirmado por Paulo quando diz: “Quando for dado o sinal, à voz do arcanjo e ao som da trombeta de Deus, o mesmo Senhor descerá do céu e os que morreram em Cristo ressurgirão primeiro. Depois nós, os vivos, os que estamos ainda na terra, seremos arrebatados juntamente com eles sobre as nuvens ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor.” (1Ts 4, 16-17)
                E voltando-se para aqueles que se esforçaram por mortificar as paixões mundanas exclama: “Vós de fato estais mortos e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus! Quando Cristo se manifestar, a vossa vida, então também vós vos manifestareis com ele na glória.” (Col 3,3-4)
                Para resumir brevemente a essencia e o significado deste trecho, diremos assim: os que amam a malícia do mundo, cairão no inferno e permanecerão longe da face de Cristo, aqueles, ao invés que amam a virtude terão conservado íntegro o selo do Espírito Santo, habitarão e viverão junto com ele contemplando a sua divina beleza: “O Senhor será para ti luz eterna, e o Deus será o teu esplendor.” (Is 60,19)
                                                   COMEMORANDO O DIA DO(A) LEIGO(A)
Leigos e leigas no protagonismo da evangelização
                A expressão não é nova, ela surge na Conferência de Santo Domingo (1992): “Que todos os leigos sejam protagonistas da Nova Evangelização, da promoção humana e da cultura cristã.” (n.97) (...) “Um laicato, bem-estruturado com formação permanente, maduro e comprometido, é o sinal de Igreja Particulares que têm tomado muito a sério o compromisso da Nova Evangelização.” (n.103)
                Hoje, talvez, precisássemos recuperar a intuição que o Episcopado latino-americano assumiu, na Conferencia de S. Domingo, quando fala do “protagonismo dos leigos”; embora na Conferencia de Aparecida esta expressão não apareça nenhuma vez. Falar de protagonismo, é falar do lugar de importância que os leigos têm na ação evangelizadora, é falar do seu papel insubstituível, imprescindivel na transformação da realidade que vivemos, marcada pela exclusão e pela violência.
                Os leigos são protagonistas, afirmaram os Bispos em Santo Domingo, ou seja, são os agentes principais, no esforço da Igreja em dialogar com o mundo e apresentar os valores do Evangelho num tempo de tantos contra-valores.
                Neste sentido, o Documento de Aparecida, e agora das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja do Brasil (2011-2015) ressaltam dois princípios de grande valor e importância.
                O primeiro princípio é o da co-responsabilidade. Leigos e Leigas devem participar,  como sujeitos, com vez e voz, na elaboração dos programas pastorais, nos centros de discussão e decisão nas Igrejas Particulares. Devem participar não apenas na execução, mas nas decisões. Referindo-se ao projeto pastoral da Diocese, o Documento de Aparecida afirma: “Os leigos devem participar do discernimento, da tomada de decisões, do planejamento e da execução.” (n.371).  Não podem, portanto,  ver reduzida a sua participação apenas ao momento de encaminhar e realizar os programas, mas, sentir-se participante desde o início, por força da sua condição de cristão batizado, habilitado pelos sacramentos do batismo e da confirmação, a participar plenamente da vida da Igreja
                É ainda o Documento de Aparecida que esclarece: “A evangelização do Continente, dizia-nos o papa João Paulo II, não pode realizar-se hoje sem a colaboração dos fiéis leigos. Hão de ser parte ativa e criativa na elaboração e execução de projetos pastorais a favor da comunidade. Isso exige, da parte dos pastores, maior abertura de mentalidade para que entendam e acolham o “ser” e o “fazer” do leigo na Igreja, que por seu batismo e sua confirmação é discípulo e missionário de Jesus Cristo.” (n. 213)
                As DGAE 2011-2015 ressaltam: “Os leigos, corresponsáveis com o ministério ordenado, atuando nessas assembléia, conselhos e comissões, tornam-se cada vez mais envolvidos no planejamento, na execução e na avaliação de tudo que a comunidade vive e faz.” (n. 104.c)
                O segundo princípio é o da missão. Os Documentos do Episcopado Latino-americano afirmam exaustivamente que o campo epecífico da ação dos leigos e leigas é o das realidades onde ele vive e trabalha, ou seja, é o mundo da familia, do trabalho, da cultura, da política, do lazer, da arte, da comunicação, da univeridade, etc.
                Em função disso: “ a formação dos leigos e leigas deve contribuir, antes de mais nada, para sua atuação como discípulos missionários no mundo,na perspectiva do diálogo e da transformação da sociedade. É urgente uma formação específica para que possam ter incidência significativa nos diferentes campos, sobretudo ‘no vasto mundo da política, da realidade social e da economia, como também da cultura, das ciencias e das artes, da vida internacional, dos meios de comunicação e de outras realidade abertas à evangelização’(EN 70).” (Dap 283).
                As DGAE 2011-2015 incentiva a participação social e política dos cristãos leigos e leigas nos diversos níveis e instituições, nos Conselhos de Direitos, em campanhas e outras iniciativas que busquem efetivar, a convivencia pacífica, no fortalecimento da sociedade civil, e de controle social. Destaca tambem a participação na busca de políticas publicas que ofereçam as condições necessária ao bem-estar de pessoas, familias e povos; e a formação de pensadores e pessoas que estejam nos níveis de decisão evangelizado com especial atenção e empenho. (cf. n.115-117)
                Entre os diversos espaços em que a presença de leigos e leigas, hoje, é  imprescindível destacam-se: o mundo universitário, o mundo da comunicação, e a presença pastoral junto dos políticos e formadores de opinião no mundo do trabalho, dirigentes sindicais e comunitarios. (n. 117)
                Há, portanto, no pensamento dos Bispos Latino-americanos e brasileiros há uma condição e uma exigência, para o protagonismo dos leigos. A condição é de que leigos e leigas possam ocupar o lugar que lhes cabe na vida das comunidades, sentindo-se de fato como sujeitos co-responsáveis na  elaboração e realização de projetos e programas de evangelização. E a exigência, é a sua atuação evangélica nas realidades onde vive e atua, para que a semelhança do fermento possam levedar toda realidade humana com a força do Evangelho.
                Este é o grande desafio que hoje não só leigos e leigas enfrentam, mas todo o corpo eclesial: superar o conceito de leigo como inferior, subalterno e destinatário da ação evangelizadora; e, formar leigos e leigas para que possam nas realidades que lhe são específicas possam agir como agentes eclesiais, discípulos missionários de Jesus Cristo.
                Ao falar do protagonismo dos leigos é indispensável falar de  verdadeira conversão pastoral, como é proposta pelo Documento de Aparecida, no espírito da comunhao e libertação (cf. n. 368), ultrapassado uma pastoral de mera conversão  para uma pastoral decididamente missionária (n.370). 
                Oxalá leigos e leigas possam exercer seu protagonismo na vida de nossas comunidades eclesiais e assumirem com renovado entusiasmo sua missão nas realidades onde na sua maioria e na maior parte do seu tempo estão. Isso exigem coragem! O Espírito de Deus certamente não lhes faltará!
Dom Milton Kenan Júnior
               
               
               
               

quinta-feira, 17 de novembro de 2011


Todos são destinados à salvação
“Aqueles que ignoram sem culpa o Evangelho de Cristo e a sua Igreja, mas buscam a Deus na sinceridade do coração, e se esforçam, sob a ação da graça, por cumprir na vida a sua vontade, conhecida através dos ditames da consciências, também esses podem alcançar a salvação eterna. Nem a divina providência nega os meios necessários para a salvação àqueles que, sem culpa, ainda não chegaram ao conhecimento explícito de Deus, mas procuram com a graça divina viver retamente. De fato, tudo o que neles há de bom e de verdadeiro, considera-o a Igreja como preparação ao Evangelho e como dom daquele que ilumina todo o homem para que afinal tenha a vida. Contudo, os homens, muitas vezes enganados pelo demônio, entregaram-se a pensamentos vãos e trocaram a verdade de Deus pela mentira, servindo mais às criaturas antes que ao Criador (cf. Rm 1,21-25), ou então vivendo e morrendo sem Deus neste mundo, expõem-se ao desespero final. Por isso, para promover a glória de Deus e a salvação de todos, a Igreja, lembrada do mandamento do Senhor: “Pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15), põe todo o seu cuidado em  desenvolver as missões.” (Lumen Gentium, 16).

domingo, 13 de novembro de 2011

O justo semeia no espírito e por isso colhe a vida eterna
Do Comentário sobre Mateus, de Orígenes, presbítero
Parece-me que deste trecho resulte  que o justo semeando no espírito recolherá a vida eterna. Na verdade, tudo aquilo que é semeado e recolhido pelo homem justo, o recolhe Deus. O justo, de fato, pertence a Deus, o qual recolhe onde não semeou ele, mas o justo.
Diremos então assim: o justo espalhou, deu aos pobres e o Senhor recolherá para si tudo o que o justo há então semeado.
Colhendo de fato aquilo que não semelou e recolhendo o que não espalhou, julgará como oferecidas a si todas as coisas que foram semeandas ou espalhadas entre os pobres, dizendo àqueles que abençoaram o seu próximo: “Vinde, benditos dos meus Pais, recebei em herança o reino preparado para vós desde a fundação do mundo. Por que eu tive fome e me destes de comer.” (Mt 25, 34-35)
E porque quer colher onde não semeou e recolher onde não ceifou, quando não encontrar nada dirá aqueles que não lhe deram esta possibilidade: “Ide, longe de mim, malditos, no fogo eterno, preparado para o diabo e para os seus anjos, por que tive fome e não destes de comer.” (Mt 25, 41-42)
Ele é, de fato, duro, como diz Mateus, e severo como o define Lucas (19,21), mas para aqueles que abusam da misericórdia de Deus por negligência propria, por não converter-se, como nos recorda o Apóstolo: “Considera a bondade e a severidade de Deus” (Rm 11,22). Os negligentes, portanto serão tratados com severidade, tu ao invés com bondade se permanecerdes na bondade.
Se alguém está convencido que Deus é bom e espera de ser-lhe perdoado se a ele se converte, com este Deus é bom. Quem ao invés o considera tão bom a ponto de não fazer conta dos pecados dos homens, com este Deus não será bom, mas severo. Ele de fato arde de ira pelos pecados dos homens que o desprezam.
Se portanto Cristo ceifará o que não semeamos e recolherá o que não espalhamos, semeemos no espírito, distribuamos os nossos bens aos pobres e não escondamos sob a terra o talento de Deus.
Este temor não é bom e não nos livra daquelas trevas exteriores, onde seremos condenados como servos malvados e indolentes. Malvados por não ter usado a preciosa moeda das palavras do Senhor, com as quais poderíamos difundir a doutrina do cristianismo e penetrar nos profundos mistérios da bondade do Senhor. Preguiçosos por não ter usado da palavra de Deus para a nossa salvação e dos outros. Deveríamos, ao invés, colocar no banco as riquezas de nosso Senhor, isto é as suas palavras, junto aos ouvintes que, como banqueiros colocam à prova e examinam toda coisa para poder reservar somente a doutrina boa e verdadeira e refutar aquela má e falsa. De modo que, vindo o Senhor, pudesse recolher com os frutos e os interesses, as palavras por nós espalhadas nos outros.
De fato toda riqueza, isto é toda palavra que tem a marca real de Deus e a imagem do seu Verbo, é um autentico tesouro.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

UMA IGREJA POBRE E PERSEGUIDA
                «Do mesmo modo que Jesus Cristo consumou a sua obra de redenção na pobreza e na perseguição, assim também a Igreja é chamada a seguir o mesmo caminho para poder comunicar aos homens os frutos da salvação. Cristo Jesus, tendo “condição divina [...] esvaziou-se a si mesmo e assumiu a condição de servo” (Fl 2,6-7) e por causa de nós “ele que era rico, fez-se pobre” (2Cor 8,9): assim a Igreja, se bem que precise de recursos humanos para cumprir a sua missão não foi constituída para buscar glórias terrenas, mas para dar a conhecer, também com seu exemplo, a humildade e abnegação. Cristo foi enviado pelo Pai “para evangelizar os pobres [...] para proclamar a remissão aos presos” (Lc 4,18), “para procurar e salvar o que estava perdido” (Lc 19,10): de modo semelhante a Igreja envolve em seus cuidados amorosos todos os angustiados pela fraqueza humana, e mais, reconhece nos pobres e nos que sofrem a imagem do seu Fundador, pobre e sofredor, esforça-se por aliviar-lhes a indigência, e neles quer servir a Cristo. Mas enquanto Cristo “santo, inocente, imaculado” (Hb 7,26), não conheceu o pecado (cf. 2Cor 5,21), e veio expiar unicamente os pecados dopovo (cf. Hb 2,17), a Igreja, que reúne em seu seio os pecadores, é ao mesmo tempo santa, e sempre necessitada de purificação, sem descanso dedica-se à penitência e à renovação.
                A Igreja “continua o seu peregrinar entre as perseguições do mundo e as consolações de Deus” (S. Agostinho), anunciando a paixão e a morte do Senhor, até que ele venha (cf. 1Cor 11,26). No poder do Senhor ressuscitado encontra a força para vencer, na paciencia e na caridade, as proprias aflições e dificuldades, internas e exteriores, e para revelar ao mundo, com fidelidade, embora entre sombras, o mistério de Cristo, até que no fim dos tempos ele se manifeste na plenitude de sua luz.» (Lumen Gentium, 8)

sábado, 5 de novembro de 2011

Sete são as bem-aventuranças que nos aperfeiçoam, a oitava portanto glorifica e coloca em evidencia aquilo que é perfeito
Dos livros sobre o “Sermão do Senhor sobrea montanha” de Santo Agostinho, bispo
                « Felizes os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.» (Mt 5,10)
                Todas estas sentenças do Senhor são, portanto, oito. Logo depois de ter explicado as outras, o Senhor se dirige aos discípulos presentes, dizendo: “Felizes vós quando vos perseguirem e  disserem toda sorte de mal contra vós.” (Mt 5,11). As outras sentenças lhes explicava de modo genérico. Não disse de fato: “Felizes, vós os pobres em espírito, porque vosso é o reino dos céus.”, mas “porque deles é o reino dos céus” (Mt 5,3); nem disse: Felizes vós os mansos, porque herdareis a terra, mas “porque herdarão a terra”, e assim todas as outras sentenças, até a oitava onde encontramos: “Felizes os peseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.” Deste lugar começa a falar dirigindo-se diretamente aos presentes, embora também as outras sentenças se referissem aos que o escutavam; estas dirigidas especialmente a eles dizem respeito tambem aos ausentes ou aqueles que viriam depois.
                Por isso devemos considerar com toda diligência a ordem destas bem-aventuranças. Começa pela humildade: “Felizes os pobres em espírito”, ou seja aqueles que não são cheios de si; a alma se submete ao domínio do Senhor, temendo de ir, depois desta vida, ao encontro da pena, mesmo se as vezes lhe pareça de ser feliz neste mundo. Desta virtude a alma chega ao conhecimento das divinas Escrituras, onde ocorre que se mostre mansa na piedade, e não aconteça desprezar aqueles passos que aos ignorantes parecem absurdos,nem se obstine em discussões inuteis. De tal modo a alma começa a descobrir os laços deste mundo que a entretém com a sensualidade ou com o pecado. Neste terceiro grau, que contém a verdadeira ciencia, a alma lamenta de ter perdido o sumo bem, porque já adere ao ultimo fim. O quarto grau comporta um grande esforço, ao qual o ânimo deve submter-se com todas as forças para conseguir libertar-se das paixões que o têm o prisioneiro com a sua doçura. Daqui nasce a fome e a sede da justiça, e ocorre uma grande fortaleza, para que não sem dor se desapegue daquilo que se detem com prazer. A quem persevera no quinto grau sugere-se de progredir ainda mais, porque sem a ajuda de quem é mais forte ninguem  consegue  libertar-se dos laços de tantas misérias.
                Mas é justo que quem quer ser ajudado por um mais forte, ajude por sua vez aquele que é mais fraco, naquilo que pode. Por isso está escrito: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque encontrarão misericórdia.” O sexto grau é a pureza do coração proveniente de uma boa consciência: esta abre o caminho para a contemplação daquele sumo bem, que somente uma mente casta e limpida pode ver.
                A sétima bem-aventurança é a própria sabedoria, ou seja a contemplação da verdade, que estabelece na paz todo o homem, acentuando a semelhança com Deus, para quem conclui: “Felizes os operadores da paz, porque serão chamados filhos de Deus”. (Mt 5,9)
                A oitava bem-aventurança retorna ao tema inicial, mostrando que foi levado ao perfeito cumprimento.
                Por isso, seja na primeira como na oitava se faz mensão do reino dos céus. “Felizes os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus” (Mt 5,3) e “Felizes os persguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus” (Mt 5,10); de fato está escrito: “Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, a angustia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada?” (Rm 8,35). Sete são portanto as bemaventuranças que nos aperfeiçoam, enquanto a oitava glorifica e coloca em relevo aquilo que é já é perfeito, de modo que através destes graus, quase recomeçando sempre de novo, se aperfeiçoam e se completam tambem os outros.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

50 ANOS DO CONCILIO VATICANO II
                Para a celebração dos 50 anos da abertura do Concilio Vaticano II, o Papa Bento XVI proclamou um Ano da Fé, com o inicio previsto para o dia 11 de Outubro de 2012 coincindindo com os vinte anos da publicação do Catecismo da Igreja Católica, cujo objetivo é “ajudar os crentes em Cristo a tornarem mais consciente e revigorarem a sua adesão ao Evangelho, sobretudo num momento de profunda mudança como este que a humanidade está a viver.” (Porta fidei,8)
                A celebração do Ano da Fé coincide com os 50 anos da abertura do Concílio Vaticano II! Bento XVI diz que se trata de “uma ocasião propícia para compreender que os textos deixados em herança pelos Padres Conciliares, segundo as palavras do Beato João Paulo II, «não perdem o seu valor nem a sua beleza. É necessário fazê-os ler de forma tal que possam ser conhecidos e assimilados como textos qualificados e normativos do Magistério, no âmbito da Tradição da Igreja. Sinto hoje ainda mais intensamente o dever de indicar o Concílio como a grande graça que beneficiou a Igreja no século XX: nele se encontra uma bussola segura para nos orientar no caminho do século que começa» (Novo Millenio Ineunte, 57).” (Porta fidei, 5)
                Tendo em vista estas considerações, a partir desta semana no blog IN MANUS TUAS publicarei semanalmente uma página do Concílio Vaticano II, a fim de favorecer e facilitar o seu conhecimento e assimilação do seu pensamento.
                O Papa Bento XVI afirma também que: “Se o lermos e recebermos guiados por uma justa hermeneutica, o Concilio pode ser e tornar-se cada vez mais uma grande força para a renovação sempre necessária da Igreja.” (Porta fidei, 5)
                Mais do que nunca precisamos abeirar-nos dos textos conciliares para, a partir deles, empreendermos a renovação pessoal e eclesial, insistemente solicitada pelos ultimos Papas, tão necessárias e almejadas no início deste novo Milênio.
                Às quintas-feiras, os que frequentarem nosso blog vão encontrar sempre um texto do Concilio para ajuda-los a aprofundar na compreensão da própria, no conhecimento do verdadeiro rosto da Igreja e, a partir daí para um encontro mais autentico com Cristo!
                À todos desejo uma boa leitura!


               

A IGREJA CORPO DE CRISTO
“Assim como os membros do corpo humano, apesar de serem muitos, formam um corpo único, assim também os fiéis, em Cristo (cf. 1Cor 12,12). Também na edificação do corpo de Cristo há diversidade de membros e de funções. Único é o Espírito que, para bem da Igreja distribui os seus vários dons conforme as suas riquezas e a necessidade de cada ministério (cf. 1Cor 12,1-11). De entre esses dons sobressai a graça própria dos apóstolos, a cuja autoridade o mesmo Espírito sujeitou também os carismáticos (cf. 1Cor 14). Ainda é o próprio Espírito que, com a sua virtude e a coesão interna dos membros, produz e estimula a caridade entre os fiéis. Por isso, se algum membro sofre, sofrem com ele os demais; se um membro recebe glória, todos os outros se regozijam com ele (cf. 1Cor 12,26).
            Cristo é a cabeça deste corpo. Ele é a imagem do Deus invisível, e nele foram criadas todas as coisas. Ele existe antes de todos, e tudo subsiste nele. Ele é a cabeça do corpo que é a Igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, de modo que em tudo ele tem a primazia (cf. Cl 1,15-18). Com a grandeza do seu poder domina o céu e a terra, e com a sua eminente perfeição e com seu agir enche todo o corpo, das riquezas da sua glória (cf. Ef 1,18-23).
            Todos os membros devem conformar-se com ele, até que neles se forme Cristo (cf. Gl 4,19). Por isso, somos incorporados nos mistérios da sua vida, somos configurados com ele, mortos e ressuscitados com ele, até que com ele reinaremos (cf. Fl 3,21; 2Tm 2,11; Ef 2,6; Cl 2,12 etc.) Durante a peregrinação terrena seguimos as suas pegadas na tribulação e na perseguição, associamo-nos à sua paixão como o corpo à cabeça, e sofremos com ele para com ele sermos glorificados (cf. Rm 8,17).
            Dele, “todo o corpo alimentado e coeso, pelas juntas e ligamentos, realiza o seu crescimento em Deus” (Cl 2,19). Ele distribui continuamente ao seu corpo, que é a Igreja, os dons dos ministérios, pelos quais, graças ainda ao seu poder, nos ajudamos uns aos outros no caminho da salvação, para que, professando a verdade na caridade, cresçamos todos os modos para ele, que é a nossa cabeça (cf. Ef 4, 11-16, grego).
            Para que possamos renovar-nos constantemente nele (cf. Ef 4,23), repartiu conosco o seu Espírito,o qual, sendo um só e o memso na cabeça e nos membros, vivifica, unifica, e dirige de tal modo o corpo inteiro, que a sua função pôde ser comparada pelos santos Padres àquela que a alma, princípio de vida, exerce no corpo humano.” (Lumen Gentium, 7)