IN MANUS TUAS, DOMINE!
Em tuas mãos, Senhor, coloco o meu passado, o meu presente e o meu futuro. Tudo o que sou e o que tenho. Os que amo e me são caros. Os que me são confiados. Para que em tudo se faça a Tua Vontade e, possamos ser instrumentos dóceis em Tuas Mãos, para realizar a tua obra de amor no mundo e no coração de todos os homens!

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012


Dos “Discursos” de São Leão Magno, papa
Todo o corpo da Igreja deve ser purificado de toda mancha
            Caríssimos, entre todos os dias que a devoção cristã celebra com honra de muitos modos, nenhum é mais importante que a festa da Páscoa, da qual todas as outras festividades da Igreja de Deus alcançam a sua solenidade sagrada. Mesmo o Natal do Senhor está ligado ao mistério pascal, porque o Filho de Deus não nasceu senão para poder ser cravado na cruz.
            No seio da Virgem foi acolhida uma carne mortal; naquela carne mortal se cumpriu a paixão, por inefável desígnio da misericórdia de Deus, até que se tornasse para nós sacrifício de redenção, remissão do pecado, e princípio de ressurreição para a vida eterna. Se consideramos, pois, que por meio da cruz todo o mundo foi redimido, compreendemos que é justo preparar-nos para celebrar a Páscoa com um jejum de quarenta dias, para poder participar dignamente dos santos mistérios.
            Devem purificar-se de toda mancha do pecado não só os maiores bispos, os simples sacerdotes e diáconos, mas todo o corpo da Igreja, todos os fiéis, para que o templo de Deus, cujo fundador é o seu próprio fundamento, seja magnífico em todas as suas pedras e resplandecente em toda parte. De fato, se as casas os palácios das autoridades supremas são com razão embelezados com todo gênero de ornamento afim de que as suas habitações sejam mais suntuosas quanto maiores são os seus méritos, com qual cuidado se deverá edificar e honrar a morada do próprio Deus!
            Esta morada, que não pode começar nem terminar sem o seu autor, exige todavia a colaboração de quem a constrói, participando com o proprio cansaço na sua edificação. De fato, para a construção deste templo se toma uma matéria viva e dotada de razão, que o Espírito anima com a sua graça, afim de que espontaneamente se constitua num único corpo. Esta Igreja é amada e querida por Deus, para que por sua vez a procure quem não a procura, e ame quem não a ama, como diz o beato apóstolo João: “Nós devemos amar-nos por que ele nos amou primeiro” (1Jo 4,11.19). Para que, portanto, todos juntos e cada um dos fiéis em particular formem um único templo de Deus, este deve ser perfeito em cada um, como em todos. E tambem se a beleza de todos os membros não é idêntica e nem é possível uma igualdade de méritos em tão variedade de partes, todavia a união da caridade obtém uma harmonia de beleza. Assim todos os membros estão unidos num amor santo, e embora não gozando em igual medida dos benefícios da graça, se alegram mutuamente com os respectivos bens, e tudo o que amam pertencem a estes, em quanto aqueles que se alegram com o bem dos outros  enriquecem-se a si mesmos.