IN MANUS TUAS, DOMINE!
Em tuas mãos, Senhor, coloco o meu passado, o meu presente e o meu futuro. Tudo o que sou e o que tenho. Os que amo e me são caros. Os que me são confiados. Para que em tudo se faça a Tua Vontade e, possamos ser instrumentos dóceis em Tuas Mãos, para realizar a tua obra de amor no mundo e no coração de todos os homens!

sábado, 5 de novembro de 2011

Sete são as bem-aventuranças que nos aperfeiçoam, a oitava portanto glorifica e coloca em evidencia aquilo que é perfeito
Dos livros sobre o “Sermão do Senhor sobrea montanha” de Santo Agostinho, bispo
                « Felizes os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.» (Mt 5,10)
                Todas estas sentenças do Senhor são, portanto, oito. Logo depois de ter explicado as outras, o Senhor se dirige aos discípulos presentes, dizendo: “Felizes vós quando vos perseguirem e  disserem toda sorte de mal contra vós.” (Mt 5,11). As outras sentenças lhes explicava de modo genérico. Não disse de fato: “Felizes, vós os pobres em espírito, porque vosso é o reino dos céus.”, mas “porque deles é o reino dos céus” (Mt 5,3); nem disse: Felizes vós os mansos, porque herdareis a terra, mas “porque herdarão a terra”, e assim todas as outras sentenças, até a oitava onde encontramos: “Felizes os peseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.” Deste lugar começa a falar dirigindo-se diretamente aos presentes, embora também as outras sentenças se referissem aos que o escutavam; estas dirigidas especialmente a eles dizem respeito tambem aos ausentes ou aqueles que viriam depois.
                Por isso devemos considerar com toda diligência a ordem destas bem-aventuranças. Começa pela humildade: “Felizes os pobres em espírito”, ou seja aqueles que não são cheios de si; a alma se submete ao domínio do Senhor, temendo de ir, depois desta vida, ao encontro da pena, mesmo se as vezes lhe pareça de ser feliz neste mundo. Desta virtude a alma chega ao conhecimento das divinas Escrituras, onde ocorre que se mostre mansa na piedade, e não aconteça desprezar aqueles passos que aos ignorantes parecem absurdos,nem se obstine em discussões inuteis. De tal modo a alma começa a descobrir os laços deste mundo que a entretém com a sensualidade ou com o pecado. Neste terceiro grau, que contém a verdadeira ciencia, a alma lamenta de ter perdido o sumo bem, porque já adere ao ultimo fim. O quarto grau comporta um grande esforço, ao qual o ânimo deve submter-se com todas as forças para conseguir libertar-se das paixões que o têm o prisioneiro com a sua doçura. Daqui nasce a fome e a sede da justiça, e ocorre uma grande fortaleza, para que não sem dor se desapegue daquilo que se detem com prazer. A quem persevera no quinto grau sugere-se de progredir ainda mais, porque sem a ajuda de quem é mais forte ninguem  consegue  libertar-se dos laços de tantas misérias.
                Mas é justo que quem quer ser ajudado por um mais forte, ajude por sua vez aquele que é mais fraco, naquilo que pode. Por isso está escrito: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque encontrarão misericórdia.” O sexto grau é a pureza do coração proveniente de uma boa consciência: esta abre o caminho para a contemplação daquele sumo bem, que somente uma mente casta e limpida pode ver.
                A sétima bem-aventurança é a própria sabedoria, ou seja a contemplação da verdade, que estabelece na paz todo o homem, acentuando a semelhança com Deus, para quem conclui: “Felizes os operadores da paz, porque serão chamados filhos de Deus”. (Mt 5,9)
                A oitava bem-aventurança retorna ao tema inicial, mostrando que foi levado ao perfeito cumprimento.
                Por isso, seja na primeira como na oitava se faz mensão do reino dos céus. “Felizes os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus” (Mt 5,3) e “Felizes os persguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus” (Mt 5,10); de fato está escrito: “Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, a angustia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada?” (Rm 8,35). Sete são portanto as bemaventuranças que nos aperfeiçoam, enquanto a oitava glorifica e coloca em relevo aquilo que é já é perfeito, de modo que através destes graus, quase recomeçando sempre de novo, se aperfeiçoam e se completam tambem os outros.

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