IN MANUS TUAS, DOMINE!
Em tuas mãos, Senhor, coloco o meu passado, o meu presente e o meu futuro. Tudo o que sou e o que tenho. Os que amo e me são caros. Os que me são confiados. Para que em tudo se faça a Tua Vontade e, possamos ser instrumentos dóceis em Tuas Mãos, para realizar a tua obra de amor no mundo e no coração de todos os homens!

domingo, 22 de janeiro de 2012

Converte-te e te salvarei
Das “Obras católicas” de Tertuliano, presbítero.
            Depois de tais e tão graves culpas do orgulho humano, iniciadas com a rebelião de Adão; depois do castigo infligido ao homem e à sua herança de pecado, depois da expulsão do paraíso e da submissão à morte, Deus amadureceu em si, por assim dizer, como uma revanche de misericórdia, e daí derivou como um tipo de arrependimento, que o levou a anular a sentença da primitiva ira, com o compromisso de perdoar a criatura feita à sua imagem.
            Ele então formou para si um povo e o cumulou de dons inefáveis de seu amor, mas devendo constatar tantas vezes a obstinada ingratidão, não cessou de exortá-lo à penitência por boca de todos os profetas. E no prometer a sua graça, com a qual nos últimos tempos iluminaria o mundo inteiro na luz do seu Espírito, quis que esta fosse precedida pela imersão batismal, para que tal sinal de penitência dispusesse em antecipação os ânimos daqueles que chamaria, na graça, às promessas já feitas à estirpe de Abraão.
            João não se cala: “Convertei-vos”(Mt 32,). De fato, se já se aproximava para os povos a salvação; o Senhor a cumpria segundo a promessa de Deus. Ele então a fazia preceder pela penitencia que purificaria as almas lançando fora, cancelando e distanciando do coração do homem toda inclinação do primeiro pecado e toda mancha devida à ignorância, preparando assim para o advento do Espírito Santo, uma habitação limpa, na qual pudesse tomar morada com os seus dons celestes. De todos estes bens um só é o motivo: a salvação do homem, depois de ter cancelado os pecados do passado; esta é a razão da penitência, esta a sua função, que o plano da misericórdia divina facilitando, alegra o homem e é agradável a Deus.
            Aquele que estabeleceu o juízo e a pena para todas as culpas da carne e do espírito, da obra ou da intenção, prometeu também o perdão por meio da penitência, dizendo ao povo: arrepende-te e te salvarei. E ainda: “Como é verdade que eu vivo – oráculo do Senhor Deus – não me agrada a morte do ímpio, mas que o impio desista da sua conduta e viva” (Ez 33,11).
            A penitência é portanto a vida que te é oferecida em lugar da morte. E tu, pecador como eu, antes, menos do que eu – eu de fato sei de sê-lo mais do que ti – levanta-te e abraça-a, agarra-te a ela, com a ânsia e a confiança com que o náufrago se agarra a uma tábua. Ela te levantará quando estiverdes submerso nas ondas do pecado e te conduzirá ao pôrto da divina clemência. Agarra a ocasião de uma fortuna inesperada, para que tu, que diante do Senhor eras nada, gota num balde, pó da praça, barro do oleiro, tu possa tornar-te árvore, aquela árvore plantada junto ao curso d´água” das folhas sempre verdes, “que dá fruto a seu tempo” (Sal 1,3)e não conhece nem o fogo nem o machado.

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